Home Governo de Portugal DGPC Home UNESCO
English Version
thesole

Cardeal D. Henrique

D. Henrique (n. em Lisboa a 31 de Janeiro de 1512, m. em Almeirim a 31 de Janeiro de 1580), décimo sétimo Rei de Portugal, filho do Rei D. Manuel e de sua segunda mulher, D. Maria, cognominado O Casto, pois assumiu a Coroa além das insígnias cardinalícias, o que contribuiria decisivamente para que morresse sem herdeiros.


O Cardeal D. Henrique fica associado a um dos períodos mais críticos da História de Portugal, o da perda da Independência depois do desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir. Tendo seguido a carreira eclesiástica, o seu nome seria um dos menos prováveis na linha de sucessão ao Trono, mas o destino reservara-lhe a inesperada coroa.

D. Henrique já tinha sido regente de Portugal durante a menoridade de D. Sebastião, mas a conjuntura do novo momento histórico era totalmente diferente. Para garantir descendência, ainda pensou D. Henrique, aconselhado por algumas figuras que lhe eram próximas, em pedir a dispensa de ordens e contrair matrimónio. No entanto, a acção castelhana revela-se fundamental na frustração dos desígnios do monarca luso, retendo a carta régia em Espanha e procurando convencer o papa a não atender ao pedido de dispensa dos deveres cardinalícios.

A sucessão revela-se então complexa, com a oposição entre os partidos nacionais e o filipino. Sobre o reino e sobre D. Henrique paira a ameaça militar de Castela, caso o velho Cardeal não atenda as pretensões de Filipe II. Terá faltado coragem a D. Henrique que, doente e pressentindo a morte, não conseguiu impor a solução nacional? Veríssimo Serrão é dessa opinião, acusando o Cardeal-Rei de não ter compreendido “a grandeza histórica da sua missão” (História de Portugal, Vol. III, p. 85), surdamente evitando as vozes daqueles que clamavam pela entrega da Coroa a um rei português e não ao ambicioso monarca espanhol. Em última instância, esta será sempre a marca fundamental do reinado de D. Henrique, condicionando indelevelmente toda e qualquer análise do seu carácter e, por arrasto, influenciando qualquer julgamento sobre as acções do seu reinado.


Cardeal D. Henrique e o Mosteiro de Alcobaça 

A ligação do Cardeal D. Henrique a Alcobaça vem no seguimento da política de intervenção no Mosteiro levada a cabo por D. Manuel I (que, aliás, nele patrocinara grandes obras e melhoramentos), que conduziria a que o Infante D. Afonso fosse provido como administrador do Mosteiro em 1519 (embora, fruto da sua menoridade, a responsabilidade do cargo transitasse para o seu progenitor).

Com a morte de D. Afonso, em 1540, prossegue a ligação da família real ao Mosteiro de Alcobaça com a nomeação do Cardeal D. Henrique como seu administrador perpétuo. Este terá recolhido a Alcobaça por diversos períodos e aqui permanecido. Com o crescente poder da Abadia e a necessidade de ampliar as instalações monásticas, D. Henrique patrocina a construção de um novo Claustro, o Claustro do Cardeal, assim denominado em sua homenagem. Presume-se que o seu traçado seja da autoria de Miguel de Arruda. Este espaço acolheu o noviciado.

Na prática, o Cardeal administrou o Mosteiro de Alcobaça entre 1542 e 1580, tornando-se assim, no primeiro administrador monástico do conjunto, após a criação da Congregação Autónoma Portuguesa (A Congregação Autónoma dos Cistercienses de São Bernardo de Alcobaça foi responsável por todos os mosteiros cistercienses portugueses. Também a Ordem de Avis e a Ordem de Cristo, sucessora da Ordem dos Templários em Portugal, estiveram subordinadas à sua jurisdição).

rss