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D. Dinis

D. Dinis (n. em Santarém a 9 de Outubro de 1261, m. a 7 de Janeiro de 1325), sexto Rei de Portugal, filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Gusmão, cognominado O Lavrador. Soberano em 16 de Novembro de 1279, é considerado um dos grandes monarcas portugueses, particularmente em virtude das suas capacidades administrativas e do seu domínio das letras, sendo um dos grandes autores da sua época.


D. Dinis, filho de D. Afonso III (o Bolonhês) recebeu, na sua juventude, forte influência provençal, tendo beneficiado de uma educação que formou o seu carácter bem como o tornou numa das mais notáveis personalidades culturais do seu tempo. No entanto, no momento da sua subida ao trono, Portugal encontrava-se em situação de debilidade administrativa devido à prolongada doença de D. Afonso III. Urgia pois a aplicação da justiça e de medidas que reforçassem o poder da Coroa. Na verdade, as inquirições Dionisinas (datam as primeiras de 1284) foram substancialmente mais eficazes que as dos seus antecessores, regulando os direitos senhoriais e clericais relativos à posse da terra e da herança e protegendo a Coroa das usurpações realizadas pelas classes privilegiadas.

O fomento económico foi também uma das preocupações de D. Dinis, incentivando a produção agrícola, a exploração de minas e o comércio interno (criando numerosas feiras, por exemplo). Em concordância com esta lógica encontra-se também a promoção de acções de povoamento e a atribuição de forais.

Foi ainda durante o reinado de D. Dinis que se viu definida a mais antiga fronteira da Europa, cujos termos se oficializaram no tratado de paz de Alcanises (a que a influência da Rainha Santa Isabel não é alheia), assinado a 12 de Setembro de 1297, depois de longa disputa com D. Sancho IV de Castela, que não manteve a política conciliadora de D. Afonso X (avô de D. Dinis) e procurara disputar a fronteira do Guadiana.

Com o tratado em vigor, a política real impulsiona a reconstrução de castelos e o estabelecimento de núcleos militares como medida de segurança e forma de prevenção para qualquer invasão do lado castelhano. A par destas medidas em solo do Reino, D. Dinis procede também à reorganização da Marinha.

Ainda na óptica da consolidação da Independência, o Monarca promove a nacionalização das Ordens Militares, acção que se revestia de particular importância no caso da Ordem de Sant’Iago, que estava sujeita ao comando do seu Mestre, residente em Castela, e que detinha muitas terras e castelos de fronteira. Também os Templários representaram um caso complexo: depois do Papado decretar a extinção desta Ordem, D. Dinis procurou obter a autorização pontifícia para criar uma nova ordem militar em Portugal, a de Cristo, que mantinha assim os privilégios dos cavaleiros do Templo portugueses e as suas possessões.

D. Dinis é também o primeiro monarca português a patrocinar e cultivar as artes e o conhecimento. Em relação a este segundo aspecto, é crucial mencionar a fundação da Universidade (1290) em Lisboa que, por ordem do Monarca, viria a ser transferida para Coimbra em 1308. No entanto, é nas Letras e na afirmação da Língua como expressão da Identidade e da Nacionalidade Portuguesa que D. Dinis mais se evidencia, tomando a decisão de passar a redigir todos os documentos oficiais na língua corrente, e tornando-se ele próprio numa referência da poética e da cultura do seu tempo.

No entanto, a vida de D. Dinis foi fortemente marcada pelos dissídios familiares, ocorridos primeiro com o seu irmão, o infante D. Afonso (que pretendera o trono) e, posteriormente, com o seu filho, D. Afonso (o futuro rei D. Afonso IV), num conflito que geraria uma guerra civil, e na qual a Rainha Santa teria um papel importante de pacificadora. Não deverão estes factos, apesar de negativos, ensombrar o próspero reinado do Rei Lavrador, figura incontornável do seu tempo e da História de Portugal.


D. Dinis e o Mosteiro de Alcobaça

Foi no reinado de D. Dinis que a Ordem de Cristo, destinada à manutenção das posses da extinta Ordem do Templo, conheceu a sua fundação. Era à regra de Calatrava que a nova organização obedecia, mas era aos abades do Mosteiro de Alcobaça que cabia inspeccionar a Ordem e receber o juramento do novo Mestre (cf. J. Veríssimo Serrão).     

Do ponto de vista arquitectónico, a obra mais significativa, que associa indelevelmente este Monarca a Alcobaça, é, sem dúvida, a construção do Claustro medieval, também conhecido por Claustro de D. Dinis ou por Claustro do Silêncio, devido ao mutismo obrigatório a respeitar neste espaço. A construção deste Claustro ter-se-á iniciado em 1308, com dinheiro deixado por D. Afonso III no seu testamento de 1271.

Concluído em 1311, o Claustro gótico do Mosteiro de Alcobaça é um dos mais belos de Portugal, com uma estrutura irregular e com desigual número de tramos em cada galeria devido aos acidentes do terreno. Caracteristicamente cisterciense, é o maior claustro tercentista existente em Portugal, tendo sido seus arquitectos Domingo Domingues e Mestre Diogo.

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